quinta-feira, 17 de junho de 2010

Reflexão

Muito daquilo que somos revela quem não queremos ser. Se for feito o exercício de análise à atitude que as pessoas têm perante a vida em geral, perante pessoas, situações e emoções, em particular, encontrarão com certeza dois pólos orientadores. Um caminho que queremos seguir, outro de tudo aquilo de que nos queremos afastar.
Não digo que estejamos a agir bem ao tentarmos a aproximação a um determinado conceito nem a afastarmo-nos do outro caminho. O que para mim corresponde ao esperado, para um terceiro pode ser o indesejado. Este facto não me torna, melhor nem pior pessoa, do que alguém que pense de forma antagónica da minha. Torna-me isso sim numa PESSOA. Uma pessoa com crenças, com objectivos a atingir e com um caminho a percorrer. Diferente de todos ao mesmo tempo que igual a todos. Uma rampa é sempre uma rampa, independentemente do ponto a partir de onde é vista.
Os dois modelos que nos guiam podem ser da ordem do consciente ou do inconsciente, mas a sua existência não pode ser negada. Se em pequenos, seguimos o miúdo que mais se destaca dentro do grupo, ao mesmo tempo que tentamos afastar-nos do puto feio, parvo e que, ainda por cima não sabe jogar à bola. O que acontece na nossa vida adulta não é muito diferente... Juntamo-nos aos que sobressaem e tentamos manter a distancia daqueles que, de longe nos parecem diferentes...
E aqui entra a peça, que une todas as outras, a definição de diferença. Diferença não é tudo aquilo que não somos, mas sim, tudo aquilo que não queremos ser. É então este conceito que guia toda a nossa acção no mundo. Divididos entre quem somos, quem ambicionamos ser e quem desejamos não ser. Este conflito é visível no nosso dia-a-dia. Por isto a nossa acção nem sempre é coerente com o nosso discurso, e muito menos, com os nossos pensamentos. Pregamos a verdade e agimos de forma contrária, sorrimos quando na verdade queremos chorar, pensamos em amor enquanto fazemos guerra.
Disto surge uma boa pessoa, ao mesmo tempo que é mau colega de trabalho. Uma óptima amiga que é uma péssima namorada. Surgem ambiguidades que derivam do conflito de interesses que vivemos connosco mesmos.

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